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Nota de Solidariedade

O Conselho Departamental do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo se solidariza com Kiusam de Oliveira, professora do Departamento de Teorias do Ensino e Práticas Educacionais, tendo em vista que o livro de sua autoria, intitulado Omo-Oba: histórias de princesas, adotado pelo Sesi de Volta Redonda, acabou quase substituído devido a pressões de pais dessa escola. Essa possibilidade deu vazão, nas redes sociais, a uma série de manifestações preconceituosas, mal informadas e desrespeitosas, às quais o Conselho Departamental do Centro de Educação repudia veementemente, não apenas por responsabilidade ética, mas em face do histórico esforço e engajamento deste lócus universitário na produção e socialização de conhecimento científico, artístico e filosófico que contribua para o enfrentamento às desigualdades e para a transformação da sociedade rumo à equanimidade.

Infelizmente, tem se tornado recorrente, no Brasil e no Espírito Santo, a tentativa de cercear a livre expressão e, sobretudo, os direitos das crianças e dos adolescentes de acesso à complexidade cultural e histórica humanas por meio da leitura de obras literárias que tematizam sejam as culturas africanas e afrobrasileiras, sejam temas sensíveis (como, por exemplo, alguns ligados ao corpo e à sexualidade, às desigualdades, à afetividade, à religiosidade etc.). Essa prática desconsidera o acúmulo de produção de conhecimento especializado no campo da educação linguístico-literária e da formação humana omnilateral.

A professora Kiusam de Oliveira, uma escritora premiada e uma pesquisadora notória no campo das relações étnico-raciais, historicamente engajada nas lutas das mulheres e dos povos negros no Brasil, ministra a disciplina Educação das relações étnico-raciais para os cursos de Licenciatura da Universidade Federal do Espírito Santo, cuja finalidade é abordar da cultura negra, incluindo suas expressões corporais e estéticas, suas religiosidades, sua cosmovisão, suas formas de lutas etc. O livro da professora “reconta mitos africanos, divulgados nas comunidades de tradição ketu, pouco conhecidos pelo público em geral e que reforçam os diferentes modos de ser em relação ao feminino”. Nesse sentido, o livro promove, nos espaços educativos escolares, o respeito e, também, o reconhecimento do processo identitário dos negros e do processo de formação do povo brasileiro, proporcionando que a escola se torne plural e pertencente a todos e todas e que contribua decisivamente para a educação de sujeitos abertos a si mesmos e à alteridade.

 

Vitória, 22 de março de 2018.

 

Cláudia Maria Mendes Gontijo

Presidente do Conselho Departamental

 

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