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Diálogos LAGEBES: "A educação no contexto da pandemia no estado do Espírito Santo"

Segunda transmissão ao vivo.
Tema: "É o momento de reabrir escolas?"
Data: 26 de agosto de 2020
Horário: 19h às 20h30

Assim como outros 160 países, enfrentamos o dilema de abrir ou não as escolas, estimando os prejuízos em termos de déficit de aprendizagem ou de riscos de transmissão e de mortes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a abertura de escolas em locais onde a pandemia está fora de controle pode agravar a transmissão. O alerta foi feito no início de agosto, quando a ONU pediu que, assim que a transmissão local estivesse sob controle, os países priorizassem o retorno com o máximo de segurança possível dos mais de 1 bilhão de estudantes.

O Brasil ocupa posição extremamente desvantajosa quanto ao controle da pandemia, pois o número de casos confirmados ultrapassa 3,5 milhões, com mais de 110 mil óbitos pelo novo coronavírus desde o início da pandemia e uma média de 1.000 mortes diárias Nesse cenário pouco otimista e sem políticas públicas coordenadas e colaborativas entre o Governo Federal, os estados, o Distrito Federal e os municípios a questão é definir o que é "voltar em segurança". Apenas dois estados brasileiros, Amazonas e Maranhão, retomaram as atividades presenciais, 10 estados estão com proposta de data de retorno ou reabertura parcial e 13 estados não têm previsão de retorno.
No Espírito Santo, a Portaria conjunta SEDU/SESA n° 01-R, de 08 de agosto de 2020, estabeleceu protocolos de retorno às atividades presenciais nas escolas de sua rede. Esse protocolo, embora necessário para a organização do planejamento do retorno às aulas presenciais, contrariou o princípio da democracia de alta intensidade defendido pelo programa de governo no momento da campanha eleitoral e do início do mandato, uma vez que não foi amplamente debatido com os profissionais das escolas, pais, alunos e sociedade, de modo que a participação e o engajamento social, levando em conta as múltiplas realidades dos territórios, dos sistemas e das instituições de ensino, foram desconsiderados.

Há grande pressão dos estabelecimentos particulares pela reabertura das escolas a partir da justificativa que de essas escolas estariam "prontas" para cumprir os protocolos de segurança. Mas estes protocolos desconsideram pesquisas recentes, como a da Escola Médica da Universidade Harvard (EUA) evidenciando que crianças podem ser muito mais contagiosas do que adultos. A pesquisa encontrou níveis de carga viral consideravelmente mais altos nas vias respiratórias de crianças nas fases iniciais da doença do que nas de adultos internados em unidades de terapia intensiva. Os pesquisadores questionam se a reabertura de escolas, mesmo com protocolos sanitários rigorosos, vale o risco para alunos, famílias e educadores.

A Prefeitura de São Paulo considera improvável a volta às aulas nas escolas públicas e privadas ainda este ano, tendo em vista o inquérito sorológico realizado pelo município que apontou alta taxa de crianças assintomáticas com enormes riscos para a retomada das atividades presenciais, mesmo seguido todos os protocolos, o que inclui medição de temperatura na entrada das escolas, procedimento este que se mostra absolutamente inócuo neste caso.

Antes mesmo da divulgação dessa pesquisa e do inquérito sorológico da cidade de São Paulo, no mês de julho, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a mais destacada instituição de ciência e tecnologia em saúde da América Latina, divulgou um estudo apontando os perigos que o retorno à sala de aula representa. Segundo as projeções do estudo, a retomada das atividades escolares no país colocaria em risco não apenas crianças, adolescentes, professores e funcionários de escolas. O retorno também pode representar ameaça de contágio pela Covid-19 para outros 9,3 milhões de adultos com problemas crônicos de saúde e idosos, grupos de risco da Covid-19, que estarão em contato com esses estudantes na mesma casa.

Ainda e de acordo com o estudo, mesmo que escolas, colégios e universidades adotem as medidas de segurança e que sejam cumpridas rigorosamente, o transporte público e a falta de controle sobre o comportamento de adolescentes e crianças que andam sozinhos fora de casa representam potenciais situações de contaminação pela Covid-19 para esses estudantes.

Sendo assim, para debater o tema "É o momento de reabrir escolas?", o convidado do "Diálogos Lagebes: A educação no contexto da pandemia no estado do Espírito Santo" é o Professor Doutor Andre Reynaldo Santos Périssé, pesquisador em Saúde Pública do Departamento de Endemias Samuel Pessoa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A transmissão será no canal do Lagebes no Youtube no dia 26 de agosto de 2020, 4ª feira, às 19h.

Divulguem! Participem!    

 

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