Homenagem do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos/UFES e do Fórum EJA/ES a Henrique José Alves Rodrigues

Com sua inteligência brilhante, sua sinceridade desconcertante, sua singularidade em ser afetivo, sensível e notável. A alegria de sua risada continuará presente no NEJA e no Fórum de EJA, ecoando nas nossas falas, dando sentido aos nossos recomeços, fazendo-nos sempre rever as nossas certezas. Traduzia na sua experiência de vida tudo que nos ncomoda, que nos move, que nos coloca em xeque. A palavra saudade soa fraca, sem intensidade ao pensar no que ainda haveríamos de construir juntos na Educação de Jovens e Adultos.

Essa nossa homenagem fica a memória de Henrique como companheiro solidário, caminhando sempre em defesa de uma sociedade mais justa ainda a ser construída. Não suportou a violência do sistema que domina, que oprime e que determina a prevalência sobre os mais fracos. Henrique era grande demais, transbordava, não coube nele mesmo.

Ao Mestre admirável, Henrique, nossa homenagem por meio de sua criação:

Aos Meus Mestres
Os meus mestres eu fui buscar...
Uma é lua, outra é sol
Os meus mestres eu fui buscar...
Uma veio do sertão
Outra veio da terra de Chico, Vinícius e Noel
Os meus mestres eu fui buscar...
Podia entrar para o Círculo dos Sacerdotes de Clio
Gozar da arrogância garantida de mestres e doutores da história
Mas meus mestres eu fui buscar...
Podia escrever a história de guerra e paz
Mas no meio do caminho,
Descaminho
Encontrei Riobaldos e Diadorins em plena sala de aula
Manuezões e Macabeias com desejo de aprender palavra
Palavras de sim
Palavras de não
Talvez.
O que me ensinou amor por coisas tipo
escola, aluno, aula
Pois meus mestres eu fui buscar...
Palavra grávida de vida, dor e alegria
Pois na travessia havia Ana
E havia Edna
O que pode um professor?
O que é um professor na ordem das
coisas?
Pouco, muito pouco!
Mas professor,
Ser tão raro e obsoleto num mundo fast food
Pode marcar o corpo,
Deixar rastros na alma
Nos engravidar de tanta fome de viver.
Pouco,
Realmente muito pouco!
Fui buscar e encontrei Ana
Fui buscar e encontrei Edna
E não sei o que fazer
O que não deixa de ser um bom começo.
Não tem jeito
O feitiço e a peste do encontro com Ana e Edna
Não tem cura ou solução.
A lição é enfrentar com força e ternura o que vier.
E o que vem não é pouco.
Mas o que me consola e anima
Em meio a este vendaval que nos assola
É que meus mestres eu fui buscar.
E encontrei.
Isto não é pouco.

Henrique José Alves Rodrigues - 15/10/2016

Vitória, 09 de dezembro de 2020.
NEJA/Ufes – Fórum EJA/ES

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